A primeira coisa que vi foi isto. José Manuel Pureza critica a RTP por vergonhoso jornalismo, mediante uma pateta de uma pivot, que tentava atrapalhadamente salvar a honra da casa, com banalidades e estereótipos corriqueiros. Como é óbvio tive que ir ver a reportagem em causa, e é mau, tão mau, tão rasca que merece a demissão do editor de jornal e que tirem a carteira ao esganiçado do José Rodrigues dos Santos. É que o seu pretenso jornalismo está a um nível ainda mais baixo que o seu nível literário. Mas ao contrário da ficção, onde o escritor pode deambular como quiser, e o leitor pode escolher que não quer aquele livro, no jornalismo a realidade deve ser retratada de forma objectiva, de vários prismas, e não reportar factos como se fala na festa da paróquia. José Rodrigues dos Santos parece um doido varrido, indignado como se o vizinho lado tivesse um carro melhor que o dele, e não lhe disse onde arranjou o negócio, obcecado com piscinas, sem apresentar um único facto que o comprove, a deturpar ou esquecer de mencionar que o caso da Siemens e dos submarinos têm responsabilidade alemã. Esquece-se de analisar que parte da crise grega não nasceu ao acaso, e que também faz parte de um problema estrutural Europeu e o resultado de o neoliberalismo global. Reduzir a crise apenas à corrupção é só parte do problema. Mas isso não lhe interessa, quer é mostrar os paralíticos gregos com casa com piscina, que fogem ao fisco. O que isto tem a ver com as eleições, não sei. O que este homem faz no canal público a relatar o boletim da paróquia, com um ordenado patrocinado pelos portugueses que não fogem ao fisco, também não sei. Gostaria que o José Rodrigues dos Santos, esse indignado sobre bens ilícitos, enquanto jornalista, tivesse a mesma indignação com o Ricardo Salgado e o BES, o BCI, os vistos Gold, os submarinos de Paulo Portas, ou inquirisse a memória escassa do primeiro ministro sobre a Tecnoforma e a sua amnésia sobre se recebeu ou não mais de 150 mil euros entre 1995 e 1998. Gostaria também, que já agora fizesse jornalismo a sério, e por exemplo, indagasse como raio os portugueses e os gregos que vivem a austeridade na pele, se amanham com o desemprego, sempre a contar os trocos, com fome e com parte da família emigrada, e como raio sobrevivem. Se calhar, se o iluminado fizesse outro tipo de jornalismo, ou de facto fizesse jornalismo, podia ser que percebesse, que os gregos, os portugueses, ou os espanhóis da austeridade só podem querer outra coisa do que um governo diferente.
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segunda-feira, janeiro 26, 2015
É sempre em alturas de eleições que me atrevo a ver a cobertura televisiva lusa. Uso "atrever" porque já sei que me vou irritar, e nestas coisas quando mais distância se tem e depois resolve-se cortar com a mesma, mais me vou indignar e em 5 segundos, volto a lembrar-me, porque razão raramente abro um video.
quarta-feira, novembro 14, 2012
Em suma, é isto.
Cientos de policías y manifestantes se enfrentaron a pedradas y golpes ante las puertas del Parlamento luso, donde concluyó la principal manifestación de la huelga general organizada en Portugal.
RAFAEL MARCHANTE (REUTERS) ((eL Pais)
Um dia absolutamente vergonhoso. Detenções à cara podre, metidos em Monsanto tal Guantamo, inauguração de uma fábrica em dia de greve geral, o elogia descarado do Primeiro-Ministro aos Portugueses que não fazem greve. Um país que é governado por um bando de idiotas sonsos, e por dois líderes (um que nunca fala, mas está em Belém, não se sabe bem a fazer o quê) e outro que troce dos que sofrem a austeridade na pele, não merece mais que este gesto. Se havia dúvidas, eu não as tenho. Estamos com o pior governo da nossa historia democrática. Eu escrevo democracia, insisto em achar que estamos na era democrática, mas na realidade ela desapareceu.
Um dia absolutamente vergonhoso. Detenções à cara podre, metidos em Monsanto tal Guantamo, inauguração de uma fábrica em dia de greve geral, o elogia descarado do Primeiro-Ministro aos Portugueses que não fazem greve. Um país que é governado por um bando de idiotas sonsos, e por dois líderes (um que nunca fala, mas está em Belém, não se sabe bem a fazer o quê) e outro que troce dos que sofrem a austeridade na pele, não merece mais que este gesto. Se havia dúvidas, eu não as tenho. Estamos com o pior governo da nossa historia democrática. Eu escrevo democracia, insisto em achar que estamos na era democrática, mas na realidade ela desapareceu.
quinta-feira, junho 30, 2011
Imagem daqui.
Guess who?Hoje após o novíssimo executivo anunciar o imposto extraordinário sobre subsídio de Natal, leio com perplexidade, nos canais virtuais, um certo encolher de ombros e de uma indiferença de um "isso não é nada comigo, até porque nem tenho disso".
Mas o problema do estado da nossa democracia também passa por isto mesmo. Ninguém se rala, nem vai para a rua gritar, enquanto nao lhe cair no pelo. O grande triunfo do neoliberalismo é mesmo este: dividir para reinar. Se enquanto não se olhar para a"big-picture" (sim, não tenhamos duvidas: o Estado Social está a ser atacado, esmifrado e esmigalhado), e só para o próprio umbigo, também se compactua com este estado de sitio de merda. No "Ensaio sobre a Cegueira" Saramago escreve "já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos". Cegos e parvos, se só acordarmos depois de sermos totalmente engolidos. Isto é só o começo.
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