segunda-feira, fevereiro 06, 2006

As associações pró-vida estão muito revoltadas pelo o Governo ter autorizado os hospitais portugueses a comprarem mifepristone e misoprostol na interrupção médica da gravidez. (ver este comunicado) Consideram que é "o primeiro passo para colocar a substância à venda para população em geral”.

Sabemos bem que não vai ser assim, porque o uso do mifepristone só será utilizado nos casos em que Lei permite fazer um aborto. Mas para associações como “Mulheres em Acção” (nome ilusório para um associação muito pouco emancipatória no que diz respeito aos direitos das mulheres) nem nos casos previsto pela Lei, em caso de violação, má formação do feto, o aborto não deveria sequer existir. E alegam que o misoprostol e o mifepristone “são produtos que têm graves consequências para a saúde”.*

Não sei se a presidente das Mulheres em (des)Acção leu bem o comunicado da Direcção-Geral de Saúde, uma vez que lá está claramente expresso que a DGS está a seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde. A OMS pode ter muitos defeitos, mas realiza certamente estudos científicos e deve ter um quadro médico-científico bastante especializado e certamente mais informado e com conhecimento de causa do que @s cruzad@s de associações como estas.

De qualquer forma, para mim, quanto mais as associações pró-vida fazem barulho sobre isto, mais as pessoas são obrigadas a pensar e a reflectir na discussão sobre o aborto. E sobretudo, quantas mais declarações infundadas elas façam, mais o argumento pró-vida, ligado a uma lógica católica (contradição eterna na história da democracia portuguesa, pois é suposto termos um Estado laico), cai por terra e a surge a evidência que o aborto tem que ser despenalizado e a descriminalizado.

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