quarta-feira, maio 17, 2006

A mais bela chachada do mundo

Ando a tentar conter-me em não me pronunciar sobre o Filipão Machão, sobre o BES e a "mais bela bandeira do mundo". Tenho-me confortado na leitura de post de vários blogs, a quem esta treta também tem provocado alergia. Mas hoje ao ver uma reportagem sobre as esposas dos jogadores convocados, e depois de ouvir baboseiras como: "- É importante fazermos isso, porque assim eles vêem que nós não estamos de braços cruzados", tive aquela reacção de choque eléctrico, muito semelhante ao que acontece quando leio as crónicas da MFM.

Se já me irritava a onda "uma janela, uma bandeira" agora a coisa está francamente pior, porque além do patriotismo bacoco acresce a ideologia "homens que partem, mulheres que esperam" (título de um dos clássicos da etnografia portuguesa).

Mas se na monografia de Caroline Brettel as mulheres esperam porque os homens partem - para a pesca - e muitas vezes não voltam, aqui o paralelismo não é bem o mesmo. Eles não pescam em barcos velhos, eles não enfrentam situações de pobreza extrema, eles não perdem a vida por jogar futebol. Pelo contrário, ganham bastante bem, podem ter umas lesões e umas caneladas, podem ser expulsos, mas a única tempestade que enfrentam é a derrota ou o cartão vermelho.

O irrisório continua se pensarmos que, se calhar, as tontinhas que no sábado vão para o Jamor, parte delas deve estar endividada até ao pescoço com o cartão de crédito do BES, ou com a prestação mensal da casa que pagam ao banco, mas pronto, lá vão elas apoiar os "nossos homens", porque "tem de ser", "porque somos portuguesas", "porque somos mulheres". E mulheres como a Fátima Lopes, a miudinha das borboletas nas saias (e por todos os lados), a Rita Andrade (curioso, só mulheres SICk) dão a cara, aparecem na televisão a dar beijinhos às bochechas descaídas do Filipão e passam por super-mulheres e por super-patriotas.

Se assim é que é ser uma super-mulher, não, obrigada.

Quanto à bandeira, bem, já nos chega aquela monstruosidade no Parque Eduardo VII. Mais para quê?

5 comentários:

Anónimo disse...

Muito pertinente o paralelismo que traçaste entre os discursos de género implícitos/explícitos nesta "mais bela bandeira do mundo" e o paradigma dos "homens que partem, mulheres que esperam"! Boa!

Anónimo disse...

Se o Beck fosse tocar ao Jamor aposto que estavas lá batida!
E diz a mocinha que eu até acho que tem conta no BES...

Anónimo disse...

O mais belo post do Caranguejo!!!Está espectacular. Bjs, anjinha,
K

ME disse...

Boa! Estas mulheres não tem mais nada para fazer! Tá muito bem visto! :)

Anónimo disse...

Cá para mim o teu problema é pensares que és muito intelectual, ólha quisso faz mal ao cérebro, andas a ler coisas muito complicadas para o teu neurónio e depois ficas assim.

relax pá, não stressa mano, tu tá muito comprimido...

Tens que aprender a apreciar os pequenos nadas que nos fazem rir e sorrir!

Sim, no Sábado tinha coisas para fazer, mas que podiam perfeitamente ser feitas noutro dia qualquer.. tá?

Não uso cartões de crédito.

Respira fundo 10x

Bêjos do Alentejo profundo