Não responder pode ser significativo. Há a razão clássica do “quem cala, consente”, ou simplesmente, é tão óbvio que nem merece resposta. Mas o não responder também permite não querer responder o óbvio. Porque o óbvio incomoda. E esse incómodo é que é o busílis. Incómodo porque faz-te dizer o mesmo de sempre, é o assumir em voz alta que tudo é igual. Mas o não confirmar desse óbvio pode levar a pensar que se tudo é igual, se é assim que é, porque raio te incomoda em assumi-lo. Pois, e por isso ficas calado. O calado evita confrontos, deambulações, sentidos e os dramas de sempre. O ficar calado e não me responder o óbvio evita levar com a desilusão estampada na minha cara, porque mesmo que seja esse óbvio que queres e prezas, não gostas, nem queres, que continue a não me surpreender, que encolha os ombros e diga a muleta linguística de sempre do “pois claro, porque haveria de ser diferente”.
E claro, não responder, é permitir criar a dúvida, a esperança, em quem não queres mas que queres que continue a ter esperança por ti, nem que aches que ela já é quase inexistente, mas desde que exista uma migalhinha, um grãozinho de areia, é suficiente. É te suficiente.
domingo, fevereiro 24, 2008
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1 comentário:
Chiça, tu às vezes dizes coisas tão certas e num "timing" tão perfeito que até parece que lês mentes.
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