"- Então e como é que estamos de namorado? Já há um que eu possa conhecer? Eu gostava. Gostava muito!"
- Progenitor com um sorriso esperançoso na cara, para a sua filha, no dia que esta completou mais umas primaveras.
Que a minha bisavó me pergunte quando lhe dou bisnetos, ainda vá. Nem vale a pena discutir, pois só ouve de um ouvido, daí a cinco minutos vai se esquecer de tudo o que argumentei e passado dez, vai-me perguntar como correu a escola. Portanto, com ela não discuto;
Quando a minha avó vem com a conversa da benesse do Estado no incentivo à natalidade e apoios a mães solteiras ou a unidos de facto "- Se é isso mesmo assim que tu queres..." ou do "- Até acho muito bem que sejas a favor do aborto, mas assim assustas os homens, porque os homens são estúpidos e podem achar que não queres filhos. E uma mulher tem que fazer cedências...", leva com um olhar matador que rapidamente a faz rever o seu optimismo socrático e é bom que se conforme que ordenado de bolseira pouco dá mais do que alimentar o gato e para uns jantar com vinho da casa, às sexta-feiras;
Agora o meu progenitor que me conhece desde o berço, venha com essa conversa do finalmente assentar - seja lá o que isso queira dizer - significa que efectivamente não me conhece mesmo nada ao fim deste tempo todo. Sobretudo como é que ele ainda não percebeu, que namorado não apresentado é amor abençoado. E se um dia, enfim, for parar à maternidade, quem sabe nessa altura, se a outra metade genética existir, pode ser que se dê o primeiro - e escasso - encontro entre eles. Além disso quando o nosso próprio progenitor tem cerca de sete filhos, que saiba (e estou a citar), de mães diferentes, tem namorada oficial, mas, não obstante, já conheci tantas outras que perfazem ou ultrapassam a minha idade, quem é ele para perguntar, para esperançar, e gostar, "gostar muito", que eu lhe apresentasse alguém. Quando ele próprio continua eternamente na hibridização de relacionamentos, famílias, casinhas e never ending stories.
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1 comentário:
Se o teu progenitor corresse os olhos por este blog engolia em seco e o caso estava tratado. De certeza que nunca mais te disparava perguntas tão estereotipadas... ou, vai na volta, até perguntava... Isso é mais do que generation gap, é mesmo síndrome protecto-parental agudizante que, como creio, nem com mais umas décadas de primaveras se curará...
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