domingo, junho 15, 2008
Ontem falava-se de planos b e de planos c. Há muito tempo que ando sem planos b. Há muito tempo que não queria sequer ouvir falar de planos b. Mas apareceu um projecto a um plano b. Talvez porque me pareceu sempre inconcebível, e o difícil, o arenoso, o pantanoso, é o que me interessa, é o que me faz andar de pé. Sempre esta mania estúpida de querer enfrentar o impossível, quando se adivinha tão bem o trajecto. A diferença é que há não sei quantos anos atrás, sempre se conseguia atingir o impossível, apesar do calvário longo e tortuoso. Se calhar é por isso que ando tão estúpida e mumificada nestes setecentos e trinta e um dias. E ninguém fala a mesma língua, ninguém compreende, ou quer sequer perceber, a apatia resultante destes setecentos e trinta e um, e eu fico presa neste monólogo interior entre a cabeça, o umbigo e as pernas. E por isso não me gosto de explicar, para quê verbalizar os projectos a planos b e a planos c, quando esses nunca passam disso mesmo. Projectos a planos, e nunca planos. E depois surgem os projectos a planos c e d, e a dispersão é ainda maior, porque é a mesma treta, o pântano já é tão fundo, que pouco interessa que os projectos passem a planos. E se passam a planos, porque raio merecem empenho, quando a treta do plano A, a sombra do plano A, ainda ameaça, ainda me chateia por só eu - sempre eu e só eu - é que ainda o mantenho na fila, penso e respiro por ele, mesmo que me sufoque em tanta toxina.
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