sexta-feira, janeiro 14, 2011

Portugal dos pequeninos (palermas)

Cavaco intitula-se o presidente do povo. O "povo" aplaude o presidente do povo no topo de carro (espero que também num modelo do povo, produzido numa fabrica que dê emprego ao povo). O presidente do povo até consegue esboçar o tal sorriso que não conseguiu fazer nem numa mísera mensagem de natal televisiva. Engraçado como o sorriso do presidente do povo só surge de cinco em cinco anos, ou antes, de quatro em quatro. O presidente do povo lembra-se que tem que ver o povo para manter o seu lugar de guardião do povo, povo esse que ele nunca vê, e não faz ideia quem seja, como vive ou o que precisa. Ao torno do presidente do povo há um inúmero burburinho de notícias sobre acções, vendas não muito claras que o beneficiam a si a e sua filhinha, que parece que ajudaram ainda mais o pé de meia que não é assim muito parecido com o do povo. Sobre isto, o presidente do povo nada diz, é tabu, é um mal entendido, não sabemos. Mas este é o estilo do presidente do povo, o povo para ele estúpido, basta apenas acenar-lhe de cinco em cinco anos. Aliás, como diz o povo, "o que não sabemos, não nos mata".  A verdade é que o povo nunca exigirá saber, a oposição vai manter a mesma tecla até ao final das eleições, sem realmente apostar noutro tipo de campanha, que de facto leve o povo a votar noutras personagens, ou que pelo menos, que os convença que vale pena ir lá fazer uma cruz. E depois tudo como dantes. O presidente do povo acenou ao povo, volta para casa com a sensação de trabalho cumprido. Vai voltar  para o quentinho de Belém, vai ver o FMI chegar ao povo, e vai assistir a isto tudo como mero espectador que não faz parte do povo. Não vai ter nenhuma critica construtiva, vai só ficar preocupado, talvez faça mais um aparição televisiva com a sua Maria - que usará mais um fatinho pardo pois não é tempo de excentricidades, nada de escolher cores mais vivaças - onde apenas fará um ar grave, balbuciará uma frase qualquer sobre tempos difíceis, achando que é assim que se conforma o povo, mas que na realidade apenas quererá dizer, "quem se fode é o mexilhão; olha, é a vida". 


Ao mesmo tempo, no meio do Portugal do povo, dos treinadores de bancada, i.e., dos colunistas de jornal e programas cor-de-rosa, discute-se um crime brutal que não há história na Portugalidade. Ao que parece a discussão centra-se mais em quem era a vítima, do que o acto em si. Há vigílias a favor do pobre assassino, que se curou da homossexualidade através do acto de violência. "Uma mão lava a outra", diz o povo. 

Pois, de facto, às vezes, custa-me mesmo ser parte deste povo. 

1 comentário:

cris disse...

olha, sinto como meu este teu desabafo. Eh tudo uma irritacao e a esquerda a lixar-se (lixar-me) de tao pouco estrategica. Enfim.