terça-feira, março 03, 2015

Portugal não é a Grécia, Portugal não é a Suécia, pois não, Portugal infelizmente é Portugal.

E quem votou no PSD & CA devia abrir os olhos, e reavaliar a merda das suas escolhas.

Pedro Passos Coelho volta a mostrar que tipo de carácter tem, e como sempre, responde no tom arrogantezinho e condescendente do costume, "da minha vida eu é que sei ". O problema é que pelos visto não sabe, finge que sabe, e comporta-se como uma criança que comeu a Nutella do frasco, foi apanhado pelos pais, ainda tem a boca toda lambuzada de Nutella, e continua a dizer, "não, não fui eu, ou até pode parecer que ataquei a Nutella, pois ainda a sinto nos lábios, mas não, eu não fiz nada, e se fiz, não foi por mal, eu não sabia que não devia atacar um pote inteiro de Nutella antes do jantar". 

Parte I
Diz o seu gabinete que Passos Coelho "decidiu  proceder desde já ao pagamento daquele montante, pretendendo pôr termo às acusações infundadas sobre a sua situação contributiva".
Infundadas, não. Facto: durante 5 anos não pagou a segurança social. Como não pagou, foi  em Fevereiro de 2015 pagar qualquer coisa do que não pagou entre 1999 e 2004. Repito, em 2015 foi lá pagar umas coisas que não pagou entre 16 e 11 anos atrás. 

Parte II
Continua o seu Gabinete: "A decisão de pagar agora o valor de 2880,26 euros acrescido de 1334,48 euros de juros, foi tomada por Passos Coelho apesar de a obrigação de o fazer se encontrar prescrita, logo, não ser legalmente exigível a qualquer contribuinte nas mesmas circunstâncias" 
Portanto, o seu Gabinete acha espectacular que o calote entretanto tenha prescrito, portanto, palminhas, pois Passos Coelho até tinha safado do embrolho, mas vejam bem, que ele até decidiu ir lá pagar ao fim deste tempo todo, quando não era sua obrigação, por isso, continuemos a aplaudir.

Parte III
"Mas foi agora pagar de maneira a que no futuro possa usufruir da sua carreira contributiva".
Esta é a minha parte preferida. Recapitulemos, o seu Gabinete diz que Passos Coelhos foi alvo de acusações infundadas, as acusações infundadas prescreveram, Passos Coelho paga parte das acusações infundadas, para no futuro beneficiar das acusações infundadas que prescreveram.


Parte IV
Entretanto, começam a surgir dúvidas se realmente é assim tão fácil ir pagar o que já se prescreveu. Parece que não, só a título muito excepcional. Mas relembremos, Passos Coelho diz que esta situação de foro pessoal, e "nunca usou o lugar de PM para ocultar qualquer tratamento diferente do de qualquer cidadão, para enriquecer, para pagar favores ou para viver fora das minhas possibilidades".


Parte V
E em que ficamos, afinal foi um lapso de Passos Coelho, foi desconhecimento puro, ou o pobre Pedro também foi mais uma das vítimas da desorganização da segurança social? Vejamos as possíveis teorias.
A teoria do Lapso efectivamente tem sido uma constante de Passos Coelho. Não sabe precisar quando trabalhou na Tecnoforma, quanto ganhava, etc. e tal. Já se percebeu que há muito que Passos Coelho (mais o anormal do Zeinal Bava do Grupo Espírito Santo) andaram a tomar o mesmo lote de vitaminas que estavam fora de prazo, e que isso lhe turvou a memória. Conseguem-se lembrar da cor da escova de dentes, mas de matemáticas, nunca sabem grande coisa.
A teoria do Desconhecimento, oh lá, esta não cai muito bem aos milhares de portugueses da geração precária que quantas vezes foram à Segurança Social tentar perceber se ou quanto se deve, e levaram com a resposta automatizada do funcionário quase sempre desagradável que diz monocordicamente "desconhecimento da Lei, não é desculpa justificável". Bom, mas também sabemos que o pobre do Passos nem sabia que devia, coitadinho, só soube pelos jornais, no final do ano passado, e só agora pôde ir à Segurança Social saber o que se passava. Coitado, também deve ter tido o azar de apanhar mais outro funcionário de poucas conversas, que só responde ao que se pergunta, e acabou por não lhe  explicar que por acaso o que ele pagou foi só uma parte do que prescreveu. Mas ainda assim, convém lembrar, que o pobre Pedro até era deputado quando foi aprovada a Lei dos Recibos Verdes. Mais, até  votou a favor da mesma Lei. Mas o pobre do Passos, jura com as duas patas de coelho que tem, que pensava que pagar a segurança social era facultativo. E o BES ainda assim, insiste e pergunta-lhe "não sabia? Então não preencheu a declaração de IRS?" O problema da Teoria do Lapso é que a ser verdade faz de Pedro Passos Coelho um ignóbil, que não percebe no que votou, nem sabe preencher uma declaração de IRS. Mas se não tem essa capacidade cognitiva, lamento, Pedrito, de facto, não tens qualquer capacidade para fazeres parte de um Governo que prega o fim da evasão fiscal.
A Teoria da Vitimização. Pedro Mota Soares, que por acaso tem mesmo cara de padre da aldeia, veio em defesa do seu Primeiro, e diz que Passos foi apenas "vítima de erros da própria administração, à semelhança de milhares de portugueses". Comove-me esta compaixão que o ministro da segurança social tem pelo Pedro, o cidadão, e está-se a absolutamente a borrifar para o resto dos cidadãos a recibos verdes, que quase sempre têm que pagar mais do que efectivamente receberam. Para o Pedro há compreensão, mas para o resto há só o pragmatismo da indiferença. O resto que se amanhe, e faça o favor de pagar e calar. E de preferência, que este resto não se esqueça de continuar a votar em tipos como este.

Pedro Passos Coelho e a sua trupe tentam, atrapalhadamente, dizer que isto não é um caso político, é pessoal, é uma tentativa de o desacreditar. Pedro Passos Coelho é um trafulha, e sim, interessa para a arena política. Ele formou um governo que está cheio de abutres e alpinistas sociais que treinam com o rei da palhaçada, para um dia serem ainda melhor que ele. Não tenhamos dúvidas, ainda que na remota hipótese, Pedro Passos Coelho caia, logo a seguir há uma fila de espera de abutres sedentos para lhe tomar o lugar. E talvez veja demasiado o "House of Cards", mas tenho para mim que não foi por acaso que Paulo Portas exigiu ser vice-primeiro-ministro.



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