Estava eu a pensar que a minha cidade estava a ficar órfã de pai, pois parecia ter caído ao abandono, e ninguém era capaz de assumir a paternidade, até que aquele senhor-que-se-demitiu de-ser-primeiro-ministro-mas-esquecido-que-já-tinha-sido-despedido, anuncia na televisão, com as bochechas descaídas de sempre, que afinal voltou, e é ele o presidente da Junta, perdão, da Câmara Municipal.Portanto o cortejo carnavalesco voltou a Lisboa, começando num casino bem perto de si, acabando nas ruínas do Marquês.
Confio, é claro, que uma vez que o senhor presidente da câmara hoje faltou a um dia de trabalho, dando o ar da sua graça, só lá para as nove da noite e só para falar aos jornalistas, tal falha tenha sido devidamente descontada do seu salário de funcionário público. Porque como sabemos os funcionários públicos ganham mal, mas a lei é a lei, e é para se cumprir, e as coisas certas no sítio certo, repetem os Lisboetas, ou não tivéssemos sido bem ensinados por esta Câmara, que nos informa destas coisas, pela banda desenhada gigante, espalhada pela cidade.
E é com ansiedade que aguardo os novos outdoors do regresso do filho pródigo. São sempre divertidos e primam pela imaginação e bom gosto.
Já agora, aproveito para pedir desculpa aos nossos prezados ouvintes por voltar a escrever sobre este senhor. Mas o que posso fazer? Ele não sai da minha vida. Eu bem tento esquece-lo, seguir o meu caminho, mas ele volta sempre, não me larga.
Por último, informo que a Rádio Pirata começará a transcrever na íntegra as reuniões da Comissão de Moradores do Marquês, porque certamente vão voltar a ser mais animadas, agora que o Sebastião voltou.
*post originalmente publicado na Rádio Pirata