domingo, outubro 29, 2006

Noites na esquadra são sempre animadas

Ontem chegámos ao Bairro e estava um tipo a ser assaltado à nossa frente. Mais tarde, no bar de sempre, reparámos que uma das nossas malas tinha desaparecido. Tivemos sorte, acabámos por encontrar a mala largada atrás de um carro, mas, claro, o dinheiro não estava lá. Fomos à esquadra marcar presença, atendidas pelo polícia bom e o polícia mau.
Eu e a Joana ficámos com o polícia bom, que era muito, muito conversador. Enquanto fumava alegremente um cigarro, encostado à parede, explicava que valia sempre a pena "fazer a ocorrência", e que a descrição também era importante porque assim podiam "deter um elemento e com base nessa discrição podíamos revista-lo". Mas como só tinha levado o dinheiro "assim era difícil". Ainda que me tenha passado pela cabeça, uma nota de rodapé, a dizer "Pois, claro, meu palhaço, agora temos que começar a apontar o número de série das notas que temos na carteira", nada disse, ri-me e continuei a enrolar o cabelo. Porque no meu cérebro também passava em rodapé que o agente César tinha algo de Boggart, a fumar o seu cigarro, encostado à parede, e um sorriso de Clooney.
Entretanto, a amiga queixosa não podia apresentar queixa, não porque desse muito trabalho ao outro senhor agente da autoridade, que parecia algo chateado com a derrota do Benfica, mas porque estava sem sistema, "por causa da mudança da hora". De qualquer maneira, o senhor agente da autoridade sublinhava num tom existencialista "mas o que é que você quer da esquadra? Apresentar queixa de alguém que você não sabe quem foi?". E continuaram a trocar algumas palavras num diálogo surdo em que conclusão foi "se quiser, volte daqui uma hora".
No meu estado normal eu teria feito um escândalo, mas confesso, o agente César, tirou-me qualquer raciocínio sobre os nossos direitos de cidadania. E a célebre frase "os homens bonitos perturbam-me" ontem foi substituída por "os homens de farda perturbam-nos".

2 comentários:

Anónimo disse...

O agente César foi a surpresa da noite... as fardas nessa noite ganharam um novo sentido! E a palavra "o elemento" também...

Anónimo disse...

Inês, tu com um polícia seria o mesmo que andares com um gajo do PP. Que se passa contigo? Deixas-me preocupado. Não andas a sair com as pessoas certas.