segunda-feira, janeiro 26, 2015

É sempre em alturas de eleições que me atrevo a ver a cobertura televisiva lusa. Uso "atrever" porque já sei que me vou irritar, e nestas coisas quando mais distância se tem e depois resolve-se cortar com a mesma, mais me vou indignar e em 5 segundos, volto a lembrar-me, porque razão raramente abro um video.

A primeira coisa que vi foi isto. José Manuel Pureza critica a RTP por vergonhoso jornalismo, mediante uma pateta de uma pivot, que tentava atrapalhadamente salvar a honra da casa, com banalidades e estereótipos corriqueiros. Como é óbvio tive que ir ver a reportagem em causa, e é mau, tão mau, tão rasca que merece a demissão do editor de jornal e que tirem a carteira ao esganiçado do José Rodrigues dos Santos. É que o seu pretenso jornalismo está a um nível ainda mais baixo que o seu nível literário. Mas ao contrário da ficção, onde o escritor pode deambular como quiser, e o leitor pode escolher que não quer aquele livro, no jornalismo a realidade deve ser retratada de forma objectiva, de vários prismas, e não reportar factos como se fala na festa da paróquia. José Rodrigues dos Santos parece um doido varrido, indignado como se o vizinho lado tivesse um carro melhor que o dele, e não lhe disse onde arranjou o negócio, obcecado com piscinas, sem apresentar um único facto que o comprove, a deturpar ou esquecer de mencionar que o caso da Siemens e dos submarinos têm responsabilidade alemã. Esquece-se de analisar que parte da crise grega não nasceu ao acaso, e que também faz parte de um problema estrutural Europeu e o resultado de o neoliberalismo global. Reduzir a crise apenas à corrupção é só parte do problema. Mas isso não lhe interessa, quer é mostrar os paralíticos gregos com casa com piscina, que fogem ao fisco. O que isto tem a ver com as eleições, não sei. O que este homem faz no canal público a relatar o boletim da paróquia, com um ordenado patrocinado pelos portugueses que não fogem ao fisco, também não sei. Gostaria que o José Rodrigues dos Santos, esse indignado sobre bens ilícitos, enquanto jornalista, tivesse a mesma indignação com o Ricardo Salgado e o BES, o BCI, os vistos Gold, os submarinos de Paulo Portas, ou inquirisse a memória escassa do primeiro ministro sobre a Tecnoforma e a sua amnésia sobre se recebeu ou não mais de 150 mil euros entre 1995 e 1998. Gostaria também, que já agora fizesse jornalismo a sério, e por exemplo, indagasse como raio os portugueses e os gregos que vivem a austeridade na pele, se amanham com o desemprego, sempre a contar os trocos, com fome e com parte da família emigrada, e como raio sobrevivem.  Se calhar,  se o iluminado fizesse outro tipo de jornalismo, ou de facto fizesse jornalismo, podia ser que percebesse, que os gregos, os portugueses, ou os espanhóis da austeridade só podem querer outra coisa do que um governo diferente. 

1 comentário:

Vanita disse...

Não percebo por que raio não tens o mesmo direito de antena que ele, para que todos possam ouvir o que tens a dizer.